Crónica da 6ª Festa do Jazz no São Luiz, 5 e 6 de Abril.
Homens em palcos e seus instrumentos contrabaixos, pianos, guitarras, baterias, saxofones, trombones, pautas, atitudes, disposições, aparências simples.
48 horas de inspiração, de verdadeira musicoterapia para um verdadeiro amante de jazz.
Jazz é como ouvir as nossas vozes interiores, todas a falarem ao mesmo tempo num processo libertatário.
No jazz há tempo para ouvir cada interveniente a seu tempo, uma voz de cada vez, enquanto as outras param para ouvi-la. Dão-lhe espaço. Depois de falar sozinha, as outras vozes juntam-se cada uma a seu tempo, todas em simultâneo, naquele exacto momento e rapidamente tudo continua... tudo flui.
Adoro o silêncio que existe entre cada voz.
A voz quando fala nunca diz a mesma coisa, ou até pode dizer a mesma coisa mas de maneira diferente. Às vezes nem importa se o que diz nao estava escrito assim, faz sentido e é sempre possível combiná-la com o que se fôr dizer a seguir. Balança-se entre momentos de estabilidade por breves instantes para voltar a desconcertar-se logo a seguir em direcção ao caos, à velocidade, ao fogo, à força da vida.
O instrumental deixa livre a história que quer contar. A mensagem imaginamo-la nós.
Sinto as vibrações do som, com os meus ouvidos, mas também com as minhas mãos, com o meu coração e as minhas memórias. A música traz-me memórias, excelentes memórias passadas.
Descubro o talento de alguém que visivelmente dedicou muita atenção, muitas horas de trabalho a uma vocação que sabe claramente qual é. Essa é uma das melhores sensações, esse alinhamento com um talento orientador. Sincronizo com esse sentimento. Reconheço-o.
Boa onda, muitas caras conhecidas, muito à vontade.
O som é masculino. É sensual.Influenciado pela intensidade do toque, chegando a momentos de suavidade e leveza sustentados por harmonias que nos transportam a momentos paradisiacos.
Piscar de olhos, gente bonita e a paixão comum pelo estilo musical mais complexo e difícil de executar com qualidade. O vôo vertiginoso da liberdade do improviso, só possível depois de muito conhecimento, prática, cumplicidade e disciplina.
Gritei bravos ao Quarteto Júlio Resende na pequena sala do Teatro Mário Viegas.
Senti vontade de escrever palavras para descrever a emoção que o som me provocava. O som do piano do Mário Laginha que foi sendo desenhado por António Jorge Gonçalves. E eu fui imaginando as palavras mudas, a expressão entre silêncios...
Fui cativada pelo humor, entrega e sobriedade de Crosscurrents e Luis Lopes Humanization Quartet.
Arrepiei a pele com o Carlos Bica Ensemble.
Vibrei na festa final como se fizesse parte desta família.
Estou a ouvir o Bica & Azul e a arrepiar-me de novo.
O jazz é mesmo Hot.
Parabéns ao jazz em Português! Temos uma excelente geração de novos talentos.
Que a vossa mágia nos continue a inspirar!!!
Obrigada!!!
Para os mais dístraídos deêm uma vista de olhos em www.andrefernandes.com. e deliciem-se!!
No comments:
Post a Comment